O relator da ONU pediu a Obama que investigue as torturas nas prisões iraquianas, que os soldados dos EUA conheciam mas não impediram. Nesta sexta-feira o site Wikileaks publicou mais 400.000 documentos militares secretos (escritos e vídeos) sobre a guerra do Iraque entre 2004 e 2009 que provam claramente a violação dos direitos humanos e onde morreram mais de 66.000 civis inocentes. No Pentágono estes documentos são conhecidos como "SIGACTs", ou breves relatórios de campo que relatam "acções de relevo" no conflito. Os documentos, ontem escrutinados pela imprensa, revelam que os militares americanos tinham instruções para ignorar os abusos cometidos pelas forças iraquianas, o que os pode tornar cúmplices da tortura sistemática cometida nas prisões do país. A sua divulgação constitui "uma tragédia que ajudará os inimigos" dos EUA, disse um porta-voz militar, citado pela BBC. Também o Ministério da Defesa britânico condenou a fuga de informação, que diz "tornar mais difícil e perigoso o trabalho" dos militares.
Numa entrevista à CNN, Assange afirmou que os documentos agora expostos apresentam "provas convincentes de crimes de guerra" cometidos pelas forças iraquianas e da coligação, Há descrições de detidos espancados, chicoteados, sodomizados, queimados com ácido ou pontas de cigarro pelos militares iraquianos. Seis deles acabariam por morrer na prisão. Mas quase invariavelmente os casos eram encerrados, sem mais investigação, e a informação passada ao Exército iraquiano, muitas vezes às mesmas unidades responsáveis pelos abusos. As revelações levaram de imediato o relator especial da ONU sobre tortura a pedir ao Presidente norte-americano, Barack Obama, que ordene uma investigação ao envolvimento dos seus militares nestes abusos. Manfred Nowak sublinha que, além da aparente cumplicidade, os EUA podem ter violado a Convenção contra a Tortura se transferiram detidos para controlo iraquiano sem a garantia de que eles não seriam sujeitos a sevícias. "Quando foi eleito, o Presidente Obama disse não querer que os EUA fossem vistos como uma nação responsável por violações dos direitos humanos [...] Tem, por isso, a obrigação de investigar estes casos", disse Nowak. O vídeo da reportagem do anúncio em Londres dos 400.000 documentos no site: http://www.youtube.com/watch?v=bTVzxsvWJTw .