EURODEPUTADOS PORTUGUESES CONTRA A ABERTURA DOS TÊXTEIS AO PAQUISTÃO

parlamento europeu decide o que quer, sem respeito por países como Portugal

Eurodeputados portugueses de vários quadrantes políticos insurgiram-se contra a possibilidade de a União Europeia reduzir as barreiras alfandegárias à entrada de têxteis do Paquistão que, alertam, pode "ter efeitos devastadores para a indústria do têxtil e do vestuário em Portugal". Mário David (PSD), Nuno Melo (CDS-PP), Ilda Figueiredo e João Ferreira (PCP) manifestaram, através de cartas enviadas à Comissão Europeia, a sua oposição ao pedido apresentado pelas autoridades do Paquistão de abertura do mercado da União Europeia a 13 categorias de produtos têxteis do Paquistão. Segundo Mário David, que integra a Comissão de Comércio Internacional do Parlamento Europeu, este recorrente pedido das autoridades paquistanesas surge, "oportunisticamente, no seguimento das graves cheias que afectaram uma grande parte do país". Nuno Melo, que além de uma carta ao presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, escreveu uma outra ao primeiro ministro José Sócrates, considera que a indústria têxtil portuguesa "não pode ser moeda de troca" para a União Europeia (UE) beneficiar o Paquistão, sob os "pretextos" das recentes inundações e do combate ao terrorismo. Ilda Figueiredo e João Ferreira também insistem que "a tragédia que se abateu sobre o Paquistão, e que exige a solidariedade europeia, não pode ser pretexto para pôr em causa a indústria têxtil" dos 27. Os eurodeputados portugueses receiam que Bruxelas possa concordar com as pretensões paquistanesas de conceder a 13 produtos têxteis a possibilidade de entrarem na UE com direitos "zero" e contemplados com a cláusula MFN (Most Favoured Nation).