DESEMPREGO E CORTES SALARIAIS NAS ESCOLAS PRIVADAS

actividades extracurriculares e ordenados levam cortes profundos

Professores "do ensino privado e restantes funcionários vão ter o seu salário reduzido no final deste mês", divulgou Rodrigo Queiroz e Melo, director executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo. A medida é contudo classificada como uma ilegalidade grave pelo secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, a exemplo das dezenas de despedimentos que também estão a ser preparados no ensino privado. "Só ontem foram despedidos mais nove professores de colégios particulares", referiu Mário Nogueira, acrescentando que estão "a ser cometidas ilegalidades graves para os proprietários dos colégios não terem uma redução das margens de lucro". O dirigente da Fenprof avançou que já "foi pedida a realização de inspecções pela Autoridade para as Condições do Trabalho, nomeadamente nos colégios do grupo GPS", que tem vários estabelecimentos.

Em Santo Tirso, segundo a agência Lusa, mais de 90% dos 110 professores do colégio salesiano Instituto Nuno Álvares (Colégio das Caldinhas) aceitaram uma redução salarial, referiu o seu director-geral, padre Jorge Sena. "A redução anda entre um pouco mais de 3% e um pouco acima dos 10%", referiu o mesmo responsável, acrescentado que se "trata de uma colaboração livre, não de um corte imposto". A redução salarial resulta dos cortes de apoios prestados pelo Estado, que para este ano lectivo foram fixados em 80 080 euros anuais por turma do ensino particular. A redução de 30% da verba entregue pelo Estado também afectará o Colégio Conciliar Maria Imaculada. A directora, irmã Paula, disse ao CM que aguarda a transferência de valores efectuada este mês pelo Estado. "Caso haja cortes, uma das possibilidades é a redução da massa salarial", avançou. As actividades extracurriculares das escolas privadas com contrato de associação com o Estado vão diminuir, ou deixar de existir, para reduzir a massa salarial, adiantou fonte da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular. Acrescentou a mesma fonte que as verbas disponíveis só permitem pagar aos professores as horas contratualizadas.