António Capucho, ex-presidente da Câmara de Cascais e uma das mais destacadas figuras do PSD, recusou o convite de Pedro Passos Coelho para ser segundo na lista às legislativas pelo círculo de Lisboa, a seguir a Fernando Nobre, e candidato a vice-presidente da Assembleia da República.Numa carta dirigida à concelhia de Cascais do PSD, publicada hoje pelo semanário Sol, Capucho diz que foi contactado por telefone por Passos Coelho, que lhe fez este convite, para além de o informar que seria ele próprio, Passos Coelho, a encabeçar a lista ao Conselho de Estado. Capucho refere que recusou qualquer convite que não fosse para ser candidato à presidência da AR, excepto se esse cargo fosse para um outro militante, apontando nomes como Manuela Ferreira Leite ou Luís Marques Mendes, rejeitando, sem o referir, ser segundo de Fernando Nobre. “Quanto à Assembleia, recusei liminarmente apresentar-me às eleições se não tivesse subjacente a candidatura à respectiva Presidência, salvo se fosse entendido que um dos militantes que antes referi [Marques Mendes ou Ferreira Leite] seria mais apropriado para o efeito. Mas não poderia aceitar ser vice-presidente de Fernando Nobre por uma questão de coerência”.
Capucho continua, referindo que o seu currículo – foi vice-presidente do Parlamento Europeu, ministro dos Assuntos Parlamentares, líder parlamentar – não lhe permite ser secundarizado: “Não aceito a minha secundarização face a alguém que não tem currículo político, sem ignorar as qualidades pessoais e o resultado que [Fernando Nobre] conseguiu. Capucho refere ainda que é amigo pessoal de Nobre e que até lhe deve alguns favores, uma vez que este vai transferir a sede da AMI para Cascais e que Nobre integrou a comissão de honra da candidatura de Capucho a Cascais. E refere a “incoerência” política de Fernando Nobre, ex-mandatário do Bloco de Esquerda às europeias e que criticou duramente o candidato presidencial do PSD a Belém em Janeiro e os partidos políticos. Capucho acrescenta: “Mais grave e chocante é o inexplicável compromisso de candidatar Fernando Nobre à Presidência da Assembleia. Estamos a falar da segunda figura do Estado, que pode ser chamado em qualquer momento a substituir o Presidente da república, caso em que teríamos um político sem preparação e anti-europeísta no cargo cimeiro do Estado”. E convida Fernando Nobre, face às críticas, a “repensar a situação”, sem deixar de dizer que tudo fará para que Passos Coelho seja o futuro primeiro-ministro de Portugal.