MÁFIA BRASILEIRA DE EXTORSÃO DA "NOITE" JULGADA NO SEIXAL

Sandro Lima, o "Bala", instrutor de jiu-jitsu, seria o cabecilha desta máfia

Há cerca de uma semana que a sala de audiências do Tribunal do Seixal onde na passada terça-feira começou o julgamento da Máfia Brasileira da Noite não recebe julgamentos, por ordem do colectivo de juízes que vai julgar o processo em que o principal arguido é o instrutor de jiu-jitsu Sandro Lima ‘Bala’, de 39 anos (em fuga no Brasil). Tanto o colectivo de juízes como a procuradora que em tribunal representará a acusação estão com protecção pessoal da PSP desde Março. A rede foi acusada pelo DIAP de Lisboa de um total de 109 crimes (como homicídio, ofensas corporais agravadas, extorsão, falsificação de documentos, entre outros). Dos 25 arguidos que, tudo indica, se apresentarão no Tribunal do Seixal, cinco estão em prisão preventiva na cadeia de alta segurança de Monsanto, em Lisboa. Sandro ‘Bala’ será o único dos 26 arguidos acusados que não estará presente na sala de audiências. Instrutor de jiu--jitsu, ausente de Portugal desde o início de 2010, Sandro foi alegadamente prestar assistência ao irmão (Júlio Pudim) por este ter ficado tetraplégico após ter sido baleado num assalto e diz não se rever em nenhuma das acusações que lhe foram feitas e desconhecer até algumas delas.

Dos 113 crimes inicialmente imputados aos 25 suspeitos e a uma empresa (a firma de segurança Olho Vivo) por parte da procuradora Cândida Vilar, apenas ‘caíram’ quatro crimes de tráfico de droga e detenção de arma proibida. A escolha da comarca qualificada para o julgamento dos mesmos revelou-se a polémica seguinte. Carlos Alexandre, o juíz, enviou o processo para a 5ª Vara Criminal de Lisboa, presidida pelo juiz Renato Barroso. Este, no entanto, mostrou-se incompetente para o julgar, remetendo-o para o Seixal. A operação ‘Nemesis’, realizada a 19 de Fevereiro de 2010 e coordenada pelo Sistema de Segurança Interna, pôs fim a meses investigação à Máfia Brasileira da Noite. O grupo liderado por Sandro ‘Bala’ angariava praticantes de jiu-jitsu no Brasil, forjando-lhes títulos de permanência em Portugal como desportistas. Alguns destes imigrantes chegaram, no entanto, a atacar estabelecimentos de diversão nocturna, impondo aos donos, pela violência, o esquema de protecção do gang e da empresa de segurança Olho Vivo, de Setúbal, cujo dono, Carlos Pereira, é também arguido neste processo.