EXTREMA-DIREITA QUASE GANHOU AS ELEIÇÕES NA FINLÂNDIA

o líder do Partido da Coligação Nacional, Jyrki Katainen, venceu por pouco estas eleições

A coligação de extrema-direita, que fez campanha contra a ajuda financeira da União Europeia a Portugal, arrasou nas eleições legislativas de ontem na Finlândia, conseguindo uma votação colada à dos dois principais partidos do país. Quando estavam contabilizados 95% dos votos, a vitória cabia aos conservadores do Partido da Coligação Nacional, com 19,9%, seguidos de muito perto pelos social-democratas, com 19,2%, e dos "Verdadeiros Finlandeses" (nome do movimento de extrema-direita), com 19,1%. Não é de esperar, no entanto, que esta estrondosa subida da extrema-direita venha a comprometer a ajuda financeira externa a Portugal, já que "os maiores partidos não têm motivos para convidar a extrema-direita para uma coligação se não quiserem fazê-lo", como afirmou, à agência AP, o professor de Ciência Política Olavi Borg . O resgate português estava suspenso destas eleições uma vez que a Finlândia é o único país do euro em que o Parlamento tem de aprovar antecipadamente a ajuda financeira a um outro Estado-membro. E um eventual veto de Helsínquia poderia, teoricamente, pôr em causa a ajuda financeira a Portugal.

A extrema-direita consegue, com este resultado, uma enorme subida de 15 pontos percentuais em relação às últimas eleições legislativas de 2007, quando se ficou pelos 4,1%, enquanto todos os outros partidos perdem votos. No poder na Finlândia estava, até agora, uma coligação de quatro partidos de centro-direita liderada pela primeira-ministra centrista Mari Kiviniemi, com o partido social-democrata na oposição. Este resultado da extrema-direita vinha a tornar-se previsível na recta final da campanha eleitoral. Os 5,3 milhões de eleitores quiseram penalizar os três principais partidos que alternam o poder há décadas no país, concedendo um resultado sem precedentes na história da Finlândia a um movimento populista de extrema-direita, liderado pelo carismático eurodeputado Timo Soini, com um discurso eurocéptico, não só contra as ajudas financeiras externas a países a que chamou de "esbanjadores", como Portugal, mas também contra a imigração. "Verdadeiros finlandeses" Um líder carismático com um discurso populista foi a receita do sucesso na Finlândia. O eurodeputado Timo Soini conquistou os finlandeses com uma campanha de oposição à ajuda financeira da União Europeia a Portugal e contra a imigração. A ajuda externa a Portugal tornou-se mesmo o tema central na recta final da campanha, quando as sondagens já previam o que se veio a verificar nas urnas: o movimento que dá pelo nome de "Verdadeiros finlandeses" mais do que quadruplicou a votação das últimas eleições legislativas, em 2007, quando se ficou pelos 4,1%.