ANA GOMES E RÓMULO MACHADO CONTRARIAM UNANIMISMO DO XVII CONGRESSO DO PS

Ana Gomes foi praticamente a única voz crítica deste Congresso unanimista do PS

A eurodeputada socialista Ana Gomes afirmou ontem, sábado, que o PS tem de reconhecer que "nem tudo foram rosas" para continuar a merecer a confiança dos portugueses e defendeu que o partido não precisa de "unanimismos", mas de "empenhamento crítico". "Para continuar a merecer a confiança dos portugueses é preciso que o PS assuma que nem tudo foram rosas na governação e que nem sempre a rosa cheirou muito bem. O PS também cometeu erros e assumi-los será meio caminho andado para os corrigirmos", defendeu Ana Gomes, durante uma intervenção no XVII Congresso do PS, que termina hoje na Exponor, em Matosinhos. Para a eurodeputada, a nacionalização dos "ossos" do BPN "sem nacionalizar as empresas lucrativas do grupo SLN" e o "desvio e desperdício de dinheiros do Estado em consultadorias, 'outsorcing' e corrupção em várias empresas públicas", são alguns dos erros da governação socialista. A eurodeputada socialista deixou ainda duras críticas à banca portuguesa: "Em duas semanas, além dos ataques das agências de rating, sofremos a indignidade de ver os nossos banqueiros a encostar os revólveres à cabeça do Governo, obrigando ao pedido de empréstimo externo".

Também o militante socialista Rómulo Machado de Cascais quebrou o discurso de unidade em torno do secretário-geral do partido, José Sócrates, acusando-o de levar Portugal à bancarrota, o que lhe valeu os primeiros assobios do XVII Congresso Nacional do PS: http://youtu.be/aT6qTn5Fhk0. "Entendo que, e tenho pena que não esteja aqui o nosso secretário-geral, porque gosto de dizer estas coisas na presença das pessoas, o primeiro-ministro que nos conduziu a esta situação e que conduziu Portugal a uma situação de bancarrota não tem condições para nos fazer sair dela", afirmou o militante socialista, resultando as suas palavras num coro de assobios dos poucos congressistas que ainda resistiam na Exponor, em Matosinhos, já ao início da madrugada deste domingo. No final da intervenção, o responsável pelos trabalhos e presidente do partido, Almeida Santos, disse apenas: " Não faço nenhum comentário porque o camarada tem como militante socialista o direito à sua opinião". Mal subiu ao púlpito, o militante fez questão de "protestar" contra a forma como decorreram os discursos, com "muitíssimas" intervenções de camaradas da "nomenclatura com uma chocante desigualdade na atribuição dos tempos". "O congresso não pode ser transformado num comício. Um congresso de um partido democrático deve ser sobretudo um momento alto de debate e confronto de ideias e não de aclamação de um líder", criticou.