Desde Abril deste ano que três incêndios junto de bases militares russas deixaram os políticos daquele país preocupados. Sobretudo quando o último destes incêndios se deu em Oural, perto da cidade de Izhevsk, no centro geogáfico da Rússia, numa base militar onde estavam guardadas mais de 10 mil toneladas de munições, de artilharia pesada e também material mais sensível: ogivas de mísseis nucleares. Guardadas num armazém específico, com paredes de espessura de cerca 60 centímetros, estas ogivas acabaram por não explodir. No entanto, milhares de pessoas das aldeias próximas foram evacuadas. Muitas horas depois do acidente, o pessoal do exército ainda não conseguia chegar ao interior do paiol, como disse um soldado: “É impossível voltar lá dentro, antes que todas as granadas sejam detonadas; quando chegámos, as chamas eram enormes e as explosões muito potentes”. Recentemente, nos EUA, um gigantesco incêndio na floresta de Los Alamos, colocou em risco toda a base militar da região onde foi construída a primeira bomba atómica, a maior instalação de material nuclear dos EUA. Coincidência? Retaliação de espiões russos? O que se está a passar no silêncio da espionagem militar entre EUA e Rússia? A tensão em torno do armamento nuclear entre estas duas potências não pára de aumentar. Ainda na quarta-feira desta semana o Pentágono declarou que o arsenal de mísseis balísticos e de ogivas nucleares em poder dos Estados Unidos é maior que o da Rússia. O levantamento foi feito tendo em vista o cumprimento do acordo de desarmamento entre os dois países, batizado de START, que entrou em vigor no dia 5 de Fevereiro. Segundo a diplomacia americana, Washington dispõe de 882 projécteis, entre mísseis balísticos intercontinentais (ICBM, na sigla em inglês), mísseis balísticos lançados por submarinos (SLBM) e bombardeiros, contra 521 de Moscovo. Depois de assinarem o tratado de redução de armamento nuclear na Cimeira NATO em Lisboa, em Novembro de 2010, a Rússia já anunciou que esse tratado se referia apenas a armamento já existente. Uma semana depois anunciava que o seu novo programa de construção de mísseis balísticos intercontinentais será o mais avançado e moderno do mundo e, nas suas palavras: "não trai os princípios acordados no Tratado de Lisboa".