BCE teme que perdão da dívida grega desencadeie espiral de prejuízos na banca
O Banco Central Europeu (BCE) renovou hoje os seus alertas contra qualquer tipo de envolvimento de bancos e instituições financeiras privadas em planos de resgate de países do euro que não seja expressamente consentido pelos próprios. “O BCE tem vigorosamente desaconselhado qualquer conceito (de envolvimento dos privados) que não seja puramente voluntário ou que contenha qualquer elemento compulsório, e tem apelado para que se evite qualquer evento de crédito, incumprimento selectivo ou “default””. O aviso surge hoje, de novo, no boletim mensal da autoridade monetária do euro que tem travado uma batalha frontal em particular com o Governo alemão, que só aceita reforçar a ajuda “oficial” à Grécia na condição de os seus credores privados (bancos gregos, franceses, alemães e também portugueses) aceitarem participar no esforço de tornar o país solvente, o que significa aceitarem perdas nos seus investimentos em dívida pública grega. O BCE teme que um perdão de dívida grega, para além de ser considerado “default” pelas agências de rating, desencadeie uma espiral de prejuízos na banca europeia. Numa referência implícita dirigida, em primeira instância, à Grécia, a autoridade monetária escreve que o envolvimento do sector privado “seguramente irá criar um stress significativo na solvência dos bancos e de outras instituições financeiras privadas do país em causa, mas também terá impacto nos balanços dos bancos de outros países da Zona Euro”. Ainda ontem, Fernando Ulrich, CEO do BPI, admitiu que o banco corre o risco de ser forçado a contabilizar até 300 milhões de euros de perdas em dívida grega, o que o fará apresentar prejuízos no final do ano.