CAVACO CRITICA MERKEL E SARKOZY

Cavaco usou o Facebook para criticar posição de Merkel e Sarkozy

Foi com um "teoricamente muito estranho" que o Presidente da República decidiu ontem publicamente assumir a sua oposição à proposta de Angela Merkel e Nicolas Sarkozy. Para Cavaco Silva,"constitucionalizar uma variável endógena como o défice orçamental - isto é, uma variável não directamente controlada pelas autoridades - é teoricamente muito estranho" e "reflecte uma enorme desconfiança dos decisores políticos em relação à sua própria capacidade de conduzir políticas orçamentais correctas". A mensagem do Presidente foi enviada via Facebook. Numa nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros, limitou--se a afirmar que "o programa do governo é muito claro quanto à redução dos défices e à inversão da trajectória das dívidas, e o acordo político que sustenta a maioria inclui a abertura para uma discussão constitucional sobre os respectivos limites, em defesa das gerações futuras e da solvência dos Estados". A verdade é que enquanto o CDS se manifesta à muito defensor da inscrição do limite do défice na Constituição, o PSD tem estado sempre muito dividido. Manuela Ferreira Leite era contra (utilizando um argumento similar ao que Cavaco Silva agora usou: "Seria a pura confissão da falta de força política das lideranças") e Miguel Relvas também. Mas tanto Eduardo Catroga como António Nogueira Leite defendiam a ideia. Entretanto, na torre de Babel em que se transformou a zona euro (com as bolsas a cairem, mas o euro a valorizar face ao dólar), o ministro belga das Finanças, Dydiers Reynolds, veio defender a emissão de eurobonds, no mesmo dia em que Angela Merkel reafirmou não querer a emissão de títulos da dívida pública europeia. Enquanto isto, Olli Rehn, o comissário europeu das Finanças, afirmava que a comissão já está a estudar cenário de emissão de eurobonds "com uma perspectiva sobre como poderá melhorar a disciplina orçamental e aumentar a liquidez nos mercados".