TRICHET: "VIVEMOS A MAIOR CRISE DESDE A II GUERRA MUNDIAL"

Trichet defende a criação de um ministro de Finanças europeu

Cada vez está mais clara a estratégia da UE em utilizar a crise europeia para reforçar os poderes decisórios pró-federação, com centralização dos poderes no Parlamento Europeu e na sua Comissão. "Na minha opinião pessoal, a Europa tem de fazer progressos significativos em direcção a uma unidade política com um poder executivo e um parlamento que tenham ambos responsabilidades acrescidas como em qualquer democracia", disse hoje Jean-Claude Trichet, citado pela agência Reuters. Ao falar perante o Parlamento Europeu, o presidente do BCE considerou também que, como parte deste executivo, existiria o "ministério europeu das Finanças," que seria responsável por uma "forte vigilância económica e orçamental" e também pela orientação do sector financeiro. Ao ministério das Finanças europeu caberia também representar a união económica e monetária no exterior, explicou Trichet, destacando que "vivemos a maior crise desde a Segunda Guerra Mundial". Quanto a perspectivas para a economia, Trichet afirmou esperar que o PIB da zona euro cresça a um ritmo "muito moderado na segunda metade do ano", adiantando que os riscos para estas perspectivas económicas, que antes pareciam "equilibrados", estão agora mais negativos. "Esperamos que a inflação permaneça acima dos 2% nos próximos meses", disse também o presidente do BCE, acrescentando que "no próximo ano [a inflação] deve descer para baixo daquele nível". O BCE tem a sua reunião mensal de política monetária esta quinta-feira. Os 52 economistas sondados pela Bloomberg antecipam que a autoridade monetária vai manter os juros inalterados nos 1,5%. Será a última reunião com Jean-Claude Trichet enquanto presidente.