Banco de Portugal avisa que o futuro próximo será “particularmente severo” e apela a um apoio “social e político abrangente e estável”. O poder de compra das famílias vai sofrer "uma contracção sem precedentes". O aviso foi feito ontem pelo Banco de Portugal (BdP), que antecipa um "futuro próximo particularmente severo" para a economia portuguesa. No seu relatório anual, a instituição liderada por Carlos Costa avisa que a implementação do plano da ‘troika' será difícil e terá custos sociais elevados, mas terá de ser não só conseguida, como até devia ser "superada". Carlos Costa publicou ontem um relatório onde não esconde os sacrifícios que serão pedidos. As previsões são já conhecidas - a Comissão Europeia estima uma contracção da riqueza produzida de 2,2% este ano e de 1,8% em 2012 - mas o relatório do BdP vai mais longe e retira as consequências para as famílias: a "recessão prolongada será acompanhada de uma contracção sem precedentes do rendimento disponível real das famílias e de novos aumentos da taxa de desemprego". Ou seja, as famílias vão sentir um aperto nos seus orçamentos mensais como nunca visto. A justificar esta evolução está, desde logo, o comportamento dos preços em comparação com o andamento dos salários. Conforme já noticiou o Diário Económico, se a inflação se mantiver em níveis próximos dos cerca de 4% actuais, os trabalhadores podem esperar uma desvalorização dos seus rendimentos de mais de 5%.