Portugal vai ser o único dos 34 países da OCDE em recessão em 2012. Já recentemente tinha ‘ganho’ esse título na União Europeia. Segundo as previsões da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, para além da contracção da economia nos próximos dois anos, o desemprego vai voltar a bater recordes e as famílias vão pôr um travão a fundo nos gastos. As previsões apontam para um recuo de 2,1% este ano e de 1,5% em 2012. Nesse ano, a segunda pior evolução das economias da OCDE é a de Espanha, que crescerá 1,6%. A explicar a contracção da economia portuguesa nos próximos anos está o travão no consumo das famílias. Confrontadas com aumento de impostos, cortes nos salários e subida dos juros, a OCDE antecipa um recuo de 4,1% neste ano e de 3,7% no próximo. O Banco de Portugal já tinha alertado para um recuo "sem precedentes" do rendimento disponível das famílias portuguesas. Em recessão, o desemprego dispara, e deve atingir os 12,7% em 2012. O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, voltou ontem a apontar para a "insuficiência crónica da poupança" das famílias, empresas ou do Estado português, que têm agora uma oportunidade de inverter essa realidade. O responsável, que falava numa conferência em Lisboa, alertou ainda para a "catarse" que serão os próximos anos, considerando que o pedido de ajuda era "inevitável e inadiável". Carlos Costa diz que há falta de "líderes clarividentes" e defende ainda a necessidade de se avaliar a idoneidade dos accionistas. O Fundo Monetário Internacional (FMI) já entregou na terça-feira a primeira tranche de ajuda financeira a Portugal, no valor de 6,1 mil milhões de euros, segundo fonte da instituição em Washington.