CÂMARA DE LISBOA VAI VIOLAR CERCA DE 3.600 JAZIGOS

austeridade mortuária: o desrespeito pelos mortos por razões meramente económicas

Perto de um quarto dos 14.500 jazigos particulares dos cemitérios lisboetas está oficialmente ao abandono, segundo dados da autarquia. A ausência de movimentos mortuários num período de 15 anos e a falta de limpeza das campas justificam a prescrição, segundo os responsáveis da Câmara Municipal de Lisboa. Nas contas da divisão de gestão dos cemitérios, estão nessa situação cerca de 3.600 jazigos, ou seja, cerca de 24% da totalidade. Segundo informação dos serviços, o abandono é considerado “quando os concessionários não sejam conhecidos ou residam em parte incerta e não exerçam os seus direitos por um período superior a 15 anos”, embora o regulamento dos cemitérios municipais determine que deva haver limpeza pelo menos de dez em dez anos. Quando a autarquia detecta as prolongadas faltas de movimentos mortuários e de limpeza, publica editais de abandono no boletim municipal e em jornais diários, envia avisos para os concessionários conhecidos e coloca no jazigo uma chapa identificativa desse estado, para “alertar os familiares que possam fazer cessar a situação de abandono”. Se nada for feito num período de 60 dias, o jazigo pode ser considerado prescrito, condição que é também publicitada, permitindo à câmara levá-lo a hasta pública.