O jovem de 23 anos considerado responsável pela morte de Artur Esteves, dono da discoteca gay Trumps e do bar Bric A Brac, subiu com ele ao apartamento da Rua D. João V, em Lisboa, onde ocorreu o homicídio, porque lhe tinha sido prometido uma verba em dinheiro. O suspeito, desempregado, com um filho de tenra idade, que vive com a ex-companheira procurava dinheiro fácil. O conhecimento entre ambos tinha sido estabelecido por um chat controlado por uma estação de televisão e, só terão tido dois encontros antes do homicídio. As conversas sobre dinheiro começaram de imediato, mas sexo entre os dois homens nunca terá havido, pois o homicida afirmava não ser homossexual. Chegou também a acompanhar Artur Esteves a casa de um outro homossexual, sem nunca ter ocorrido nada. Num domingo à tarde, quando o sócio do Trumps regressou a Lisboa vindo do Meco, encontrou-se com o homicida antes de irem para a Jorge V. O homicida subiu com ele ao apartamento apenas para conseguir o dinheiro, como lhe terá sido prometido. Mas, ali chegados, Artur Esteves terá ensaiado uma aproximação física, que foi rejeitada. Primeiro, por palavras, depois a insistência do sócio do Trumps terá sido recebida “com um empurrão”. Foi então que se desencadeou a luta, que provocou ferimentos mortais a Artur Esteves. Quando o homicida fugiu do apartamento o sócio do Trumps ainda estava vivo. As circunstâncias que rodearam o crime e o facto de não ter havido premeditação poderão ter sido determinantes para a libertação do homicida até ao julgamento, com a obrigação de apresentações quinzenais junto das autoridades. Em contrapartida, terá havido um telefonema que denunciou a identidade do presumível assassino, o que facilitou o acesso à ficha policial.
O homicida, César António Félix Monteiro foi então julgado e condenado a 11 anos de prisão. Ficou ainda obrigado a pagar 14 mil contos e o valor do funeral à mãe da vítima. A sentença foi dada no Tribunal da Boa-Hora, em Lisboa, antes do juiz ordenar a sua prisão imediata no Estabelecimento Prisional de Lisboa. Artur Esteves terá dito ao homicida, minutos antes da morte, quando estavam sentados num sofá: “tudo na vida tem um preço”. O espancamento que se seguiu consta detalhadamente no acórdão: o primeiro soco no nariz, a “gravata” no pescoço que quase o estrangulou, a terrina de faiança partida na cabeça e dois pontapés na cabeça, um dos quais no olho esquerdo, que foram fatais a Artur. Todavia, os juízes até acreditam que o rapaz não tinha intenção de o matar. Não têm é dúvidas de que César tentou “impedir que a vítima pedisse socorro”. O facto de César Monteiro se ter entregue à polícia não teve peso na condenação. Válidas para o julgar foram as provas periciais que detectaram sangue do arguido, que se feriu durante a agressão, espalhado pelo apartamento de Artur Esteves. A indemnização de 14.000 contos foi considerada justa pelo Tribunal, visto que a vítima sofreu dores significativas e vivenciou os seus últimos momentos de vigília com angústia. Mas as histórias violentas e trágicas do mundo gay terminam muitas vezes de forma violenta. Em Abril de 2009, Paulo Figueiredo, manobrador de máquinas, 43 anos, executou por ciúmes, o amante depois de o atar (pés e mãos) e amordaçar com fita adesiva. Dois tiros foram disparados sobre a vítima, um na mão e outro fatal, na cabeça. Depois Paulo arrastou o corpo de José do Carmo, 37 anos, para o quintal. Em Maio de 2005, Rui B., 21 anos, matou à facada Arlindo Alves em Lisboa. Confessou, mas alegou legítima defesa e foi absolvido. Artur Esteves, "rei" da noite gay lisboeta, foi assassinado à facada por um prostituto em Setembro de 2004. Carlos Castro, de 65 anos, foi encontrado morto sexta-feira, 7 de janeiro, no quarto 3416 do hotel Intercontinental, em Times Square, Nova Iorque. O cronista social português deu entrada no hotel a 29 de dezembro, acompanhado pelo modelo Renato Seabra, um jovem de 20 anos, concorrente do programa da SIC, "À Procura do Sonho"...
A estranha semelhança do assassinato que rodeou estes dois amigos de longa data e de idades semelhantes, Carlos Castro e Artur Esteves, ambos conhecidos no mundo gay social lisboeta, deixa-nos a pensar num possível copycat, muito "convenientemente" ao estilo Broadway. Se alguém se quisesse imortalizar desta forma não deixaria bastantes sinais para trás, para serem interpretados? Carlos Castro deixou-os. Porque não estão a ser então levados em consideração pela defesa de Renato Seabra, uma possível vítima de um guião escrito com antecedência maquiavélica e muitas drogas à mistura?