SINDICALISTAS PRESOS RECUSAM ACORDO E QUEREM JUSTIÇA EM TRIBUNAL

a proposta da juíza deixava os dois sindicalistas com cadastro limpo

José Manuel Marques, 42 anos, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), e Marco Rosa, 39 anos, dirigente do Sindicato dos Professores da Zona Sul, tiveram ontem, ao final da manhã, uma oportunidade para resolverem o diferendo judicial com a PSP, a propósito da manifestação de terça-feira frente à residência oficial do primeiro-ministro. No Tribunal de Pequena Instância Criminal de Lisboa, a juíza, depois de ouvir os polícias, propôs aos arguidos um acordo. "Faziam um depósito de 300 euros cada um, esse montante reverteria para uma instituição de solidariedade social e, em troca, os autos seriam suspensos durante três meses e depois arquivados", explicou ao DN Francisco Brás, dirigente do STAL, pelas 12.30, quando foi interrompida a sessão. O acordo não foi aceite porque isso seria "uma assunção de culpa dos dois dirigentes". E a luta continua. José Manuel Marques e Marco Rosa saíram do Tribunal de Pequena Instância Criminal pelas 16.30 sob um coro de "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais!".

"Sou acusado de desobediência, de me ter atirado para o chão e de resistir a uma detenção!", gritou José Manuel, de megafone em punho, frente aos 11 agentes das equipas de intervenção rápida da PSP ali presentes. "Mentira!", gritaram as dezenas de sindicalistas apoiantes. O julgamento do processo sumário de José Manuel foi marcado para dia 31, às 14.00, para poder ser preparada a defesa. Marco Rosa - que dos dois foi o único a ser levado à esquadra algemado na terça-feira - está constituído arguido mas ainda "não está indiciado por crime nenhum", apesar de um agente da PSP se ter queixado de que o sindicalista o agrediu. O seu caso baixou a inquérito "e haverá agora um período de produção de prova que o Ministério Público precisa para o acusar do crime de agressão a agente da autoridade [pena até cinco anos] ou de outro crime", explicou a sua advogada Fátima Anjos. Marco voltará a tribunal no dia 2 de Fevereiro, às 14.00. "No auto, o agente que me deteve fala que eu dei empurrões e exerci pressão pelas costas. Mas isso deveu-se ao maralhal de pessoas que ali estava concentrado, não houve qualquer tentativa de agressão deliberada ao agente", afirmou Marco Rosa ao DN.