PORTUGAL PERDE 4 MILHÕES DE PESSOAS ATÉ 2100

uma população empobrecida e envelhecida trará grandes transformações sociais

A população residente em Portugal vai cair de quase 10,7 milhões de pessoas, no ano passado, para menos de 6,8 milhões em 2100, segundo previsões da ONU publicadas hoje. O país já deixou de conseguir substituir as gerações anteriores em todas as regiões. A previsão elaborada pelas Nações Unidas diz que nem sequer a entrada de imigrantes e o aumento da esperança de vida vão compensar o envelhecimento e o recuo populacional português, que ameaçam a sustentabilidade económica. Segundo o relatório "World Population Prospects: The 2010 Revision", publicado hoje pelas Nações Unidas, a população portuguesa registará um pico em 2015, com 10.702.000 de pessoas. A partir daí irá começar um recuo, muito pronunciado a meio do século. Entre 2045 e 2075, a ONU prevê mesmo que Portugal perca a cada cinco anos entre 58 e 72 mil pessoas, até chegar às 6.754.000 em 2100. As previsões já se estão a concretizar em muitos concelhos do país. Segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), 158 municípios perderam população na última década. E isto também se aplica a algumas das principais cidades portuguesas. "Ao longo da última década, constata-se que nos centros metropolitanos de Lisboa e do Porto, a densidade populacional reduziu-se, tendo-se passado o inverso na generalidade dos municípios circundantes. Além deste fenómeno metropolitano, é visível um reforço da densidade populacional no Litoral continental e uma diminuição no Interior. Também nas regiões autónomas, se observou uma diminuição da densidade populacional em Ponta Delgada e, sobretudo, no Funchal, e um aumento nos municípios limítrofes", diz o INE num relatório de Abril publicado ontem. Segundo as Nações Unidas, a fertilidade em Portugal irá cair para menos de oito nascimentos anuais por cada mil habitantes já na próxima década, taxa que só voltará a subir no final do século, até aos 10,3 nascimentos. Isto apesar de se prever que o número de crianças por cada mulher (taxa de fecundidade) aumente a partir de 2025.