MÁFIA DA SAÚDE DÁ AVISOS A MEDIDAS DE PASSOS COELHO

bastonário da Ordem alerta Governo sobre medidas "perigosas" para a saúde

Com a redução da margem de lucro das farmacêuticas devido às medidas implementadas pelo Governo, os "interessados" começam já a queixar-se. José Manuel Silva, o bastonário da Ordem dos Médicos, tem dúvidas de que a entrega de medicamentos a idosos, prevista no programa de emergência social do governo, possa gerar "poupanças". O executivo pretende entregar às instituições sociais os medicamentos "existentes na indústria farmacêutica que não entram no circuito comercial por estarem no final do prazo de validade". O bastonário diz que a implementação da medida tem "custos significativos", já que é preciso "montar uma rede de recolha e de distribuição". "Não é uma medida para tomar de ânimo leve. Tem uma logística pesada", acrescenta José Manuel Silva, realçando que "é preciso estudar para ver se não se chega ao fim e não se percebe que não se poupou nada". O governo prevê distribuir, numa fase inicial, entre 30 mil e 35 mil embalagens de medicamentos. O plano de emergência social, apresentado pelo ministro Pedro Mota Soares na sexta-feira, foi alvo de críticas, principalmente dos partidos de esquerda. Francisco Louçã acusou o governo, num comício em Armação de Pêra, de "estudar a ideia" de pôr os desempregados a trabalhar "gratuitamente" para o sector privado. Também a contratação de clínicos colombianos, porto-riquenhos e cubanos saiu mais cara ao país do que poderia ter saído a contratação de médicos nacionais, defende o bastonário. Em relação à formação dos médicos, o problema não é exclusivo dos médicos estrangeiros. Embora as suas licenciaturas sejam reconhecidas por uma das faculdades de Medicina, não possuem o grau da especialidade necessária. Esta área da medicina é muito exigente, pois o médico "tem de ter conhecimentos de diversos campos da medicina", da pediatria à cardiologia, passando pela geriatria e pela psiquiatria. Há também muitas empresas privadas de contratação que colocam clínicos nacionais nos centros de saúde sem que estes tenham a necessária especialização, como acontece em Lisboa, por exemplo.