Já há gente a oferecer-se para trabalhar a troco de comida na Cova da Moura, na Amadora. A crise está a levar ao desespero várias famílias do já de si tão carenciado bairro. As associações temem que as restrições obriguem a cortar nos apoios sociais. O drama socioeconómico é especialmente evidente para quem está no terreno, como a Associação Cultural Moinho da Juventude, a trabalhar no bairro há 26 anos. "Já notamos muito o efeito da crise", diz o secretário-geral da instituição, Carlos Simões. "Diariamente, aparecem pessoas com dificuldades para se alimentarem ou para pagar as despesas dos filhos. Há gente que se oferece para trabalhar na associação a troco de alimentação." Sendo este bairro maioritariamente de imigrantes africanos, a alguns será ainda dada a possibilidade de regressarem ao seu país de origem, através de protocolos estabelecidos com as suas embaixadas e consulados, visto que em Portugal deixou de haver futuro para estas famílias.