A tentativa de salvar o Euro implica tomar decisões sobre "países à rasca" como Portugal. Com o apoio da França, a Alemanha propôs em fevereiro quatro grandes medidas duras para disciplinar os países do Sul e aumentar a competitividade na zona Euro: eliminar a indexação automática entre salários e inflação, aumentar a idade da reforma em função da evolução demográfica, inscrever nas Constituições nacionais limites ao endividamento dos Estados, harmonizar a tributação sobre os lucros das empresas. Por outro lado Bruxelas tentou suavizar estas medidas através da implementação de algumas "adaptações" destas à realidade de cada país. Sob a batuta do presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, criaram-se consensos em algumas dessas matérias: (o último ponto, sobre o IRC das empresas tem sido o mais difícil): relacionar a evolução dos salários com os ganhos de produtividade, vincular a idade da reforma à esperança média de vida e reduzir as pré-reformas, legislar sobre os limites ao endividamento dos Estados mas sem ser obrigatória a sua inscrição nas Constituições nacionais, harmonizar a tributação sobre os lucros das empresas. Mas já passámos esta fase. Agora o FMI faz contas frias e determina o que cortar, quando cortar e onde cortar. Os políticos nacionais observam pacíficos, como se assistissem a uma final do Estoril Open. Enquanto isso, fora das quatro linhas do court, a população definha e perde tudo o que conseguiu conquistar "graças" à UE, nos últimos 20 anos.