PROGRAMA DO FMI NÃO PRECISA DE APROVAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

FMI secundariza a figura do Presidente da República

Jürgen Kröger foi o primeiro elemento da ‘troika’ a falar na conferência de imprensa de apresentação do programa português. O chefe da equipa da Comissão Europeia disse estar convencido de que o programa lançará "as bases para um crescimento mais sustentável da economia" e começou desde logo a realçar a importância de um "consenso político alargado" em redor da sua implementação. "Deve ser claro nestas eleições [de 5 de Junho] que o próximo Governo tem de assumir a responsabilidade deste programa", realçou Jürgen Kröger, garantido que para Bruxelas "o programa não precisa da assinatura do Presidente da República". Classificando o programa de ajustamento português de "duro mas justo", Kröger avisou que "se Portugal não cumprir haverão naturalmente algumas limitações ao dinheiro que é concedido". Se os objectivos forem atingidos "pensamos que não serão necessárias mais medidas de austeridade", acrescentou. "Estamos convencidos que o pacote é suficiente", assegurou. Questionado sobre se as medidas seriam mais leves se o pedido de ajuda tivesse sido accionado mais cedo, o responsável europeu disse que as medidas "seriam nas mesmas áreas" mas confessou que "em termos orçamentais poderia ter-se começado mais cedo e seria menos doloroso". Ainda assim disse que nunca esteve em discussão cortes nos subsídios de férias e de Natal nem o pagamento de parte dessas prestações em títulos do Tesouro. Kröger disse também que "o programa não é mais leve do que o da Grécia e Irlanda" e que é até mais abrangente em termos de reformas estruturais. O chefe da equipa da Comissão Europeia confirmou que o resgate português ascenderá a 78 mil milhões de euros, dos quais 52 mil milhões advirão de Bruxelas. O resto está a cargo do FMI.