Para os tradicionais defensores de maiorias, o governo que sair das próximas eleições deverá ser maioritário. A ideia parece consensual, os protagonistas é que não o são. Francisco Pinto Balsemão admite que José Sócrates deve sair se puser em causa um entendimento entre os partidos. "Tem de ser um governo amplamente maioritário, de modo que possa haver acordo, se possível para duas legislaturas", afirma Balsemão, primeiro-ministro do governo da Aliança Democrática (coligação formada por PSD, CDS e PPM) de 1981 a 1983. Já Ângelo Correia, ministro do governo de Balsemão e actual conselheiro de Passos Coelho, diz que uma coligação entre os três partidos não é consensual. "O PS não mostra qualquer dúvida nem arrependimento em relação ao que fez no passado", criticou. Em Portugal os governos de coligação nunca cumpriram uma legislatura até ao fim. Para que o próximo governo contrarie a história é necessária uma "relação de confiança e lealdade entre os líderes dos partidos coligados", avisa Bagão Félix. E um governo "mais curto para haver mais coesão", acredita. "As coisas têm de estar muito bem estabelecidas à partida, a repartição dos ministérios tem de ficar bem definida", afirma Balsemão. Desesperados, os vários partidos do "centrão" querem dividir o dinheiro entre si. A vontade do povo, essa, pode muito bem ficar de fora...