CRISE GREGA ALASTRA A ESPANHA E ESMAGA ECONOMIA IBÉRICA

Durão pela primeira vez seriamente preocupado com a Dívida Soberana dos países da UE

A casa do euro está em chamas. A política de contenção da crise da dívida soberana na periferia da Europa derrete no terreno de batalha da Grécia e o contágio ameaça agora o equivalente a 14% do PIB da União Europeia: Espanha. Madrid sentiu o embate com os juros exigidos pelos seus títulos de dívida a dez anos a dispararem ontem para o valor máximo dos últimos 11 anos. Os investidores não acalmaram perante a notícia de que o FMI iria avançar com a sua parcela (3,3 mil milhões) dos 12 mil milhões de euros da quinta tranche do empréstimo que Atenas precisa de receber até Julho para evitar a falência - mesmo que a UE não tenha um compromisso quantificado que assegure o financiamento de Atenas nos próximos 12 meses (a condição necessária para o FMI libertar o dinheiro). O contágio a Espanha ficou evidente ontem. Os juros exigidos a dez anos saltaram para 5,66%, o valor mais alto em 11 anos, uma subida não só motivada pelo cepticismo dos mercados perante a situação grega, mas também pelo facto de o leilão de dívida espanhola desta quinta-feira não ter sido um sucesso total (colocou no mercado 2,8 mil milhões de euros a 8 e a 15 anos, menos do que o limite de 3,5 mil milhões anunciado).

Para que o plano avance é necessário que a Grécia se comprometa com novos aumentos de impostos, maiores reduções da despesa do Estado e a concretizar um plano de privatizações que deverá render 50 mil milhões de euros até 2015 (ver págs. 16/17). A Grécia precisa de 120 mil milhões de euros adicionais para se financiar nos próximos três anos. Mas o país está bloqueado politicamente. O primeiro-ministro George Papandreou decidiu fazer uma remodelação governamental e apresentar ao parlamento uma moção de confiança para ganhar legitimidade e avançar com um novo pacote de austeridade que a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional exigem em troca de um segundo plano de resgate financeiro de Atenas. Mas o PASOK, o partido socialista que suporta o governo, começou a fragmentar-se. Dois deputados socialistas demitiram-se ontem e o grupo parlamentar reuniu-se de emergência para debater as políticas do governo. Será muito difícil encontrar agora pessoas com qualidade para formar um governo.
A situação levou o próprio presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, a reconhecer a gravidade do momento, avançando que hoje está mais preocupado com a crise da dívida soberana do que há um ano.