Enquanto Paulo Portas já prepara o Conselho Europeu, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, garantiu ontem que deposita "grande confiança" no novo Governo português, por conhecer bem a determinação do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e a experiência e competência do ministro das Finanças, Vítor Gaspar. E pela primeira vez dirigiu uma crítica à actuação de José Sócrates a quem aponta o dedo por não ter prosseguido os esforços de consolidação orçamental e correcção dos problemas estruturais do país. "Quando era primeiro-ministro, no dia em que terminei o meu mandato, o défice [orçamental] estava, de facto, abaixo dos 3% e a dívida [pública], se me recordo bem, estava nos 57 ou 58%, portanto abaixo do limite" de 60% do PIB, recordou o presidente da Comissão. Concluindo que "agora a dívida portuguesa está acima dos 100% e isso é, de facto, um dos problemas que Portugal está a enfrentar". Num momento em que Portugal e Grécia são sistematicamente equiparados pelo desequilíbrio das contas públicas e a forte penalização nos mercados, Barroso soltou esta crítica implícita aos últimos seis anos de governação socialista e reconheceu que os problemas que a Grécia e Portugal estão a atravessar, neste momento, são "problemas de competitividade estrutural" e de, "em certos períodos", ter havido "despesas demasiado elevadas".