GOVERNO AUSTRÍACO SUSPENDE A VENDA DE DOIS PICOS NOS ALPES

a Áustria tentava esconder a sua dívida pública "por detrás" de dois picos dos seus Alpes

A agência pública que gere o património do Estado austríaco suspendeu ontem a venda de dois cumes rochosos no Tirol, que haviam sido postos a leilão com um preço base de 120 mil euros. Na sequência de fortes protestos da população e de políticos locais, o Estado austríaco recuou na venda do Grosse Kinigat (na foto) e do Rosskopf, dois picos “gémeos” situados a 2.700 e a 2.600 metros de altura, respectivamente, e que ocupam uma área de cerca de 1.200 metros quadrados. O leilão, que estava programado para 8 de Julho, deverá agora ser reformulado para o limitar a “instituições austríacas”. A venda dos dois picos rochosos enfureceu a população local, que rapidamente fez o paralelo com a Grécia, que está a beneficiar de um empréstimo externo para evitar a bancarrota e, não obstante, se recusa a “privatizar” quaisquer ilhas. Também no Reino Unido, o Executivo foi forçado a recuar com a venda de florestas que estão no domínio público. Embora esteja numa situação financeira mais confortável, a Áustria tem sido recorrentemente posta ao lado de Itália e da Bélgica no grupo dos países do centro do euro mais vulneráveis a um eventual contágio da crise da dívida soberana, por ora limitada aos países da periferia. A dívida pública austríaca elevou-se, em 2010, a 205 mil milhões de euros, 72,3% do PIB, e o défice orçamental está na casa dos 4% do PIB. Mais do que a situação financeira do Estado, é a saúde dos bancos austríacos – muito expostos a países do centro e leste europeu já intervencionados pelo FMI, como é o caso da Hungria – que é considerada uma “bomba-relógio” para as finanças públicas do país. Nesse contexto, Viena tem prometido prosseguir uma política de grande austeridade para defender o “rating” máximo de que ainda dispõe.