BALANÇO DA OPERAÇÃO FAVELAS DO RIO DE JANEIRO

a pobreza da vida das favelas contrasta com a riqueza demonstrada pelos traficantes

A Polícia Civil informou, nesta quarta-feira, que 133 suspeitos foram presos no Rio de Janeiro desde 21 de Novembro, quando tiveram início uma série de ataques urbanos pelos traficantes das favelas, até 7 de Dezembro. Segundo o balanço oficial, do total de presos, 97 foram por associação ao tráfico de drogas e 36 por danos qualificados. Outros 21 suspeitos foram detidos em operações. Ainda de acordo com o balanço oficial da Polícia Civil, foram apreendidos 147 shotguns, 211 pistolas, 77 revólveres, 19 carabinas, 34 espingardas, 39 metralhadoras, 19 submetralhadoras, 44 granadas, seis bombas artesanais. A maioria das armas foi encontrada no Conjunto de Favelas do Alemão e na Vila Cruzeiro, na Penha, na Zona Norte do Rio. De acordo com a Polícia Civil, os agentes encontraram, ainda, mais de 33 toneladas de canábis, 313 quilos de cocaína, 1,9 quilos de haxixe, 54 quilos de crack e 108,38 litros de cloreto de etila. O balanço inclui apenas os números das operações da Polícia Civil no Rio. A polícia encontrou, ainda nesta quarta-feira uma casa onde funcionava uma central clandestina de TV-cabo, no Conjunto de Favelas do Alemão, na Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Segundo a Polícia Militar, o imóvel ficava no alto de um dos morros, no fim de um beco praticamente escondido. Esta foi a segunda central destruída na comunidade numa semana. Para chegar ao local, mais uma vez a polícia contou com a ajuda da população.


Dez dias depois da ocupação da comunidade, moradores continuam a fazer denúncias, e repassam informações importantes sobre esconderijos. “Comunicam conosco através de sinais, bilhetes, através de um olhar. Eles (moradores) conseguem nos passar a mensagem que eles querem passar. Já há uma cumplicidade no relacionamento”, disse o tenente-coronel da Polícia Militar, Márcio Vasconcelos. A polícia suspeita que os equipamentos tenham sido desviados de uma operadora, porque parte do material tinha placas com a identificação da empresa. Segundo os investigadores, para receber o sinal ilegalmente, milhares de moradores das favelas da Grota e do Coqueiral pagavam uma mensalidade aos criminosos, que fugiram antes da chegada da polícia. No início do mês, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) descobriu uma outra central que seria usada por traficantes para monitorar a comunidade. A polícia acredita que foi assim que os criminosos conseguiram prever a entrada da polícia. Os traficantes usavam TVs para acompanhar imagens das câmeras instaladas no poste. Eles monitoravam toda movimentação da polícia na Vila Cruzeiro.