ECONOMIA PARALELA CRESCE COMO SOLUÇÃO PARA O DESGOVERNO DA CRISE

dinheiro vivo, em vez de cheques, cartões de crédito ou transferências bancárias

São várias as designações que podem ser dadas à actividade económica que escapa ao pagamento de impostos e a outras contribuições obrigatórias, como a de economia paralela, de sombra ou não registada. Mas a partir de agora haverá o primeiro índice que permitirá avaliar o impacto dessa economia no produto interno bruto (PIB) português. Trata-se do ENR, o índice da Economia Não Registada, a designação preferida pelo seu criador, Nuno Gonçalves, e que resulta de uma investigação inédita, apresentada hoje na Faculdade de Economia do Porto. Entre 1970 e 2009, o impacto da ENR no PIB oficial passou de 9,3 por cento para 24,2 por cento. Assim, os dados revelam uma tendência de crescimento nos sectores da agricultura (apesar do pouco peso que tem na economia nacional) e nos serviços e uma diminuição no sector industrial. A explicação para este facto prende-se com a diminuição, nos últimos anos, do peso da indústria e o crescimento dos serviços. O autor e o coordenador da investigação não têm dúvidas de que a tendência futura será para um aumento da Economia não registada. E justificam esse crescimento pelo aumento da carga fiscal e de outras contribuições, como para a segurança social, e ainda pela degradação da conjuntura económica. O enorme peso da economia paralela é uma realidade comum aos países do Sul da Europa (Itália, Espanha, Grécia e Portugal) e contrasta com a prática seguida nos países nórdicos, devido a uma forte cultura cívica.