IMPRENSA ALEMÃ CONSIDERA DECISÃO DA FIFA DUVIDOSA E "QATARSTRÓFICA"

Qatar, paraíso de branqueamento de dinheiro duvidoso, escolhido pela "máfia do futebol"?

A imprensa alemã criticou nesta sexta-feira com dureza a decisão de conceder à Rússia e ao Qatar a realização, respectivamente, dos Mundiais de Futebol de 2018 e 2022. De acordo com a imprensa alemã, não fazem mais do que alimentar as suspeitas de corrupção na federação. "Katarstrophe para o futebol", traz o título do jornal Bild, num trocadilho com o nome do país do Oriente Médio. Um segundo título acusa directamente o organismo máximo do futebol: "A Fifa vendeu o mundial aos xeques". "Que o Qatar tenha vencido só pode ser explicado assim: a Fifa vendeu o mundial aos xeques do mini estado desértico. Para quem manda em Zurique, tudo já estava claro antes da eleição", escreve o Bild, que lembra a suspensão de dois membros do executivo da Fifa. Na mesma publicação, o ministro do Interior e Desporto alemão, Thomas de Maizière, exige que "a Fifa esclareça as acusações de corrupção" e expressa a sua "profunda preocupação" com a situação e o crédito da federação internacional. "Que grande decepção", define a publicação Berliner Zeitung, para o qual "precisamente no meio de um colossal escândalo de corrupção, a Fifa apostou pelo dinheiro em grande estilo e os bilhões procedentes de fontes duvidosas", provavelmente para "lavar" ainda mais rapidamente muito do dinheiro sujo que anda a ser "apanhado" através da banca mundial. "O processo de candidaturas no qual ganharam aqueles que fazem malabarismos com números multimilionários" resulta em mais do que suspeito, afirma a publicação. "O que muitos não imaginavam, nem nos seus piores pesadelos, transformou-se na quinta-feira em Zurique na realidade", escreve o jornal diário Die Tageszeitung, para o qual "com a concessão dos mundiais à Rússia e ao Qatar, a Fifa não fez mais que aumentar sua fama duvidosa".