A greve dos controladores aéreos em Espanha provocou prejuízos de cerca de um milhão de euros à TAP. A operação aérea foi retomada ontem, mas os efeitos do cancelamento e adiamento de perto de cem ligações nos aeroportos nacionais deverão prolongar-se durante o dia de hoje. Milhares de passageiros encheram os terminais de partidas nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro, tendo enfrentado longas horas de espera. "São 12h30, chegámos ao aeroporto às 07h00. Tínhamos férias marcadas para Barcelona e Andorra. Passámos o controlo de embarque, mas voltámos para trás. Por sorte, cruzámo-nos com as nossas malas, meio perdidas no tapete. Isto está o caos", lamentavam Manuela e José Bela, em Lisboa. A TAP já começou a fazer as contas aos prejuízos provocados por uma paralisação que apanhou de surpresa autoridades, companhias aéreas e até sindicatos espanhóis e que, em menos de 24 horas, lançou o caos nos aeroportos europeus, deixando em terra milhares de passageiros. Recorde-se que os controladores aéreos espanhóis abandonaram os postos de trabalho às 17 horas de sexta-feira, alegando doença, como forma de protesto contra as reduções salariais, no âmbito das medidas anticrise decretadas pelo governo espanhol. Além da transportadora nacional, que se viu obrigada a anular 17 voos entre o fim do dia de sexta-feira e ontem, esta paralisação obrigou ao cancelamento de 47 partidas e 50 chegadas aos aeroportos nacionais.
A TAP contabiliza como prejuízos aviões imobilizados, despesas com hotéis e refeições dos passageiros retidos (cerca de 250), alterações de tripulações e até combustível a mais devido à reprogramação dos voos que tiveram as rotas alteradas devido à falta de controlo nos céus espanhóis. Apesar da reabertura do espaço aéreo em Espanha, a normalização dos voos ainda vai demorar. Após 20 horas de caos causado por uma greve dos controladores aéreos, o governo espanhol anunciou, ao meio da tarde de ontem, a reabertura do tráfego aéreo no país vizinho. Mas o regresso à normalidade poderá demorar dois dias. O reatar do funcionamento dos aeroportos só foi possível depois de o governo de José Luis Zapatero decretar, pela primeira vez na história da democracia espanhola, o estado de alarme. Previsto na Constituição, é aplicável por 15 dias quando está em causa o funcionamento de serviços públicos vitais para a sociedade. Uma vez em vigor, os controladores ficaram sob as ordens dos militares e arriscam, em caso de desobediência, penas de prisão até seis anos e perda do emprego. Às 18h30, estavam em curso 85 dos 4300 voos previstos em Espanha, 51 de chegada e 34 de partida. Estima-se que a greve tenha deixado em terra mais de 600 mil pessoas.