Santos Ferreira, presidente do BCP a utilizar dados confidenciais, como espião da CIA? 
O El País revelou na sua edição online o conteúdo, parcial ou integral, de um telegrama que revela conversas e diligências entre o Banco Comercial Português (BCP) e a embaixada dos Estados Unidos relativamente ao Irão. De acordo com o jornal, o presidente do Millennium BCP ofereceu-se para passar informação aos Estados Unidos sobre a actividade financeira iraniana. Em troca, esperava que o BCP pudesse negociar no Irão sem afectar o relacionamento de Lisboa com Washington. O negócio, assegura o El País, tinha conhecimento de Sócrates e do seu Executivo. O documento, alegadamente despachado a partir da representação norte-americana em Lisboa, será datado de 11 de Fevereiro deste ano e terá tido distribuição, entre outros destinatários, para o Departamento de Estado e o Departamento do Tesouro, a CIA e a embaixada dos EUA, em Brasília.
Os documentos revelados pelo Wikileaks apontam o relacionamento de Carlos Santos Ferreira com o Irão como remontando ao período em que o presidente do BCP era presidente da fundição de Oeiras (1987-1989), tendo a empresa portuguesa vendido nessa altura, «há mais de 20 anos», material militar a Teerão. Os supostos negócios de venda de armas ao Irão, ainda nos anos 1970, são apontados, ainda, como peça-chave de algumas das teorias sobre a queda do Cessna em que, a 4 de Dezembro de 1980, viajavam o então primeiro-ministro Sá Carneiro e o ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa, e que resultou na morte dos dois governantes, bem como das restantes pessoas que se encontravam a bordo da aeronave. Contactado pelos meios de comunicação, o BCP recusa-se a fazer «para já» quaisquer comentários às notícias divulgadas pelo jornal espanhol.
