Berlusconi viveu como Mussolini, como um deus na terra, querendo poderes absolutos 
Se hoje, a oposição aprovar uma moção de censura, o primeiro-ministro terá de se demitir, levando ao fim do seu governo e à realização de eleições antecipadas no país. Ao mesmo tempo, por volta das oito da manhã em Roma, será também votada uma moção de confiança no Senado, onde Berlusconi, de 74 anos, goza de uma confortável maioria. Numa última tentativa de salvar o seu futuro político, depois de meses de sucessivos escândalos políticos e sexuais que enfraqueceram a sua posição, Berlusconi discursou ontem durante meia hora no Parlamento para avisar sobre os perigos de lançar a Itália numa "crise no escuro". Jogando todos os trunfos, o primeiro-ministro alertou os 630 deputados para o risco de um novo período de instabilidade política arrastar o país para a crise dos défices que assola a Europa. "É uma loucura iniciar uma crise sem soluções à vista", disse Berlusconi, defendendo que sob o seu governo a Itália ganhou boa reputação, apesar da crise financeira.
Além disso, Berlusconi estendeu a mão aos seus rivais e propôs um "pacto legislativo" com as forças políticas de centro-direita - que fazem parte do movimento Futuro e Liberdade (FLI), do seu principal opositor Gianfranco Fini - e também com o partido da oposição União do Centro (UDC). "Quero reconstituir a aliança de todos os moderados que esteve na origem da nossa coligação governamental", disse. A sugestão foi imediatamente rejeitada pelo principal aliado Umberto Bossi, líder da Liga do Norte. Também a UDC rejeitou a oferta, dizendo que o primeiro-ministro deve primeiro demitir-se e só depois entrarão em negociações para uma nova aliança. Berlusconi que, recentemente (Março) fez aprovar uma lei que reduz a liberdade de expressão na internet e que se preparava para lançar outra lei que apenas autorizaria autores de blogues a escreverem se tivessem carteira profissional de jornalistas. A mesma lei estará a ser ponderada por José Sócrates, em Portugal.
