A CANDIDATURA DE DONALD TRUMP À PRESIDÊNCIA DOS EUA

depois de Berlusconi no país da máfia, Trump promete seguir-lhe as passadas nos EUA

Depois da recente polémica sobre a certidão de nascimento de Obama, levantada por Trump no seu reality show, no seguimento da possível candidatura de Arnold Schwarzenegger (anulada por não ter nascido nos EUA) Trump decidiu lançar fortes ataques à presidência Obama até que revelou a sua possível candidatura à presidência. A política americana é um verdadeiro reality show. Donald Trump, famoso por erguer torres fálicas com o seu nome e despedir pessoas num programa de televisão, pondera candidatar-se à Casa Branca em 2012. O milionário maçon, conhecido pelas suas influências dos llluminati e Bilderberg, diz que não confirma nem desmente antes de terminar a actual temporada do seu reality show Celebrity Apprentice (um nome tipicamente maçon), mas poderá usar o último episódio, a 22 de Maio, para anunciar uma conferência de imprensa onde revelará as suas intenções presidenciais. Uma disputa Obama-Trump? O professor de Harvard e o magnata rufia? Já há jornalistas deliciados com a perspectiva: uma campanha eleitoral com Donald Trump, com o estilo sem papas na língua de Trump, com o cabelo de Trump - uma popa desafiando a gravidade como a pala do Pavilhão de Portugal de Álvaro Siza - jamais poderá ser aborrecida. Trump tem um apelo popular que o distante e cerebral Obama, com os seus pergaminhos elitistas, nunca poderá reclamar: ele representa o fascínio da América pelo dinheiro e o sucesso. O interesse de Trump numa candidatura tem sido recebido, de forma generalizada, como um exercício de Trump l"oeil: um ego monstruoso a agarrar uma oportunidade para se auto-promover. Karl Rove, que também pode ser acusado de nunca revelar as suas verdadeiras intenções, disse que a candidatura é uma "piada". Certo é que Trump está a causar nervosismo no Partido Republicano.
Recentemente as sondagens deram Trump como favorito da opinião pública, à frente de todos os potenciais candidatos republicanos, mesmo os mais populares, como Mike Huckabee, ex-governador do Arkansas e estrela da Fox News, Mitt Romney, ex-governador de Massachusetts, ou Sarah Palin.

Galvanizado pelos números, multiplicou-se em aparições e fez declarações que, verbalizadas por outra pessoa, seriam desacreditadas ou polémicas - como a ideia de que os EUA deviam simplesmente apropriar-se do petróleo iraquiano, caso contrário a guerra e as baixas militares terão sido em vão. "Não se trata de roubar. Trata-se de um reembolso", explicou no programa Good Morning America, na ABC. Outro pequeno vislumbre da diplomacia internacional sob a presidência de Trump? "A Líbia só me interessa, se ficarmos com o petróleo." Nem toda gente se riu ao ver essas entrevistas em que Trump exibe a sua esperteza de rua e fustiga temas inconvenientes com uma subtileza de mafioso. "Não faça uma pergunta tão estúpida como essa, é ridículo. Adiante", respondeu a uma jornalista do Wall Street Journal que se referiu ao facto de ele ter declarado falência "múltiplas vezes" e personificar, para uma parte da opinião, o pior do capitalismo. Pelo contrário, esta foi a semana em que o aviso foi repetido: a candidatura de Trump é para levar a sério. "Sempre houve uma grande porção de eleitores que acreditam que a América poderia inverter o seu declínio, se um durão que diz inconveniências sem rodeios tomasse conta [do país]. E hoje, aparentemente, Donald Trump é o homem para isso", escreveu o colunista do New York Times David Brooks. Trump, que em 2009 publicou um livro, Think Like a Champion, em que elogia os feitos "fabulosos" e "fenomenais" de Obama, defende agora que ele é o pior Presidente americano de todos os tempos. Como diz uma das frases de promoção do seu reality show: "Não é nada pessoal... it"s just business." (por, Kathleen Gomes, Washington).