Este mês, o valor da dívida à indústria farmacêutica atingiu um valor recorde. O Governo não explica como vai pagar um montante que neste momento ascende a mil milhões de euros. Nunca o Estado deveu tanto dinheiro à indústria farmacêutica. A dívida do Serviço Nacional de Saúde (SNS) aos fornecedores de medicamentos dos hospitais atingiu um valor recorde este mês: mil milhões de euros. O Governo ainda não explicou o que vai fazer para impedir que esta dívida continue a crescer. Mas aprovou ontem medidas de redução do preço dos medicamentos, que vão pôr ainda mais em causa um sector que está, desde o princípio do ano, a viver uma das piores crises dos últimos anos em Portugal. A maior parte da dívida do Estado às farmacêuticas é da responsabilidade dos hospitais EPE (864 milhões de euros) e está a ser acumulada há mais de um ano. No total de todos os hospitais, os pagamentos estão em atraso há 359 dias - mais cem dias do que em Setembro do ano passado.
Em comparação com a situação existente nesse mês, a dívida do Estado à indústria farmacêutica cresceu 67,5% no total (era de 585 milhões nessa altura) - com a situação a agravar-se sobretudo nos hospitais-empresa, onde a dívida cresceu cerca de 80% relativamente ao ano passado (era de 470 milhões em Setembro de 2009, e é de 846 milhões agora). O esforço de pagamento pelo Estado aos fornecedores dos hospitais foi, aliás, diminuindo ao longo do ano - e, neste momento, os hospitais limitam-se a encomendar medicamentos sem se saber como é que os vão pagar. A prová-lo está o facto de a dívida com atraso superior a 90 dias ter crescido 137,5% nos hospitais EPE e, no total do SNS, 113,8%, entre Setembro do ano passado e este mês.