Dezenas de milhares de estudantes em fúria. Fogueiras nas ruas, confrontos com a polícia e destruição de propriedade. A revolução instalou-se em Londres, que foi ontem palco de uma manifestação de 52 mil pessoas, nada pacífica. O protesto foi promovido por associações de estudantes contra os cortes no financiamento às universidades e principalmente contra o aumento das propinas. Ao longo do dia os estudantes foram chegando ao coração de Londres vindos de todo o país, empunhando cartazes com mensagens como "Parem com os cortes na educação" ou "Cortem mas é o Trident" [novo dissuasor nuclear britânico]. A meio da tarde, na marcha a caminho de Westminster, a manifestação descambou. À passagem pelo edifício Millbank, sede do Partido Conservador, do primeiro-ministro David Cameron, um grupo de estudantes forçou a invasão do prédio. Rapidamente ultrapassaram um cordão policial claramente impotente e ocuparam todo o edifício. Do telhado - onde alguns se divertiram a atirar pedras e até extintores à polícia - ao rés-do-chão, em atitude provocadora, muitos jovens usurparam as poltronas da recepção e sentaram-se a fumar tranquilamente enquanto assistiam à destruição de todo o átrio. A polícia retomaria o controlo do edifício largos minutos depois. A Scotland Yard fala em 15 pessoas hospitalizadas, incluindo polícias. As associações de estudantes lamentam o sucedido e falam em grupos de agitadores dentro da coluna de protesto. Nos planos do governo constam cortes de financiamento às universidades que vão poder aumentar as propinas a partir de 2012 de 3290 libras (3850 euros) para um máximo de 9 mil libras anuais.