WIKILEAKS LANÇA NOVOS DOCUMENTOS SECRETOS E DEIXA EUA EM PÂNICO

Assange, já perseguido pela CIA, denuncia as sujas tácticas secretas dos EUA e da CIA

Governos de todo o mundo sustêm a respiração. Aguarda-se para hoje a divulgação de cerca de três milhões de documentos relativos à correspondência diplomática do Departamento de Estado norte-americano com as suas embaixadas em todo o mundo. De acordo com a revista alemã Der Spiegel, que ontem colocou online notícias sobre este assunto e depois as retirou, serão publicados cerca de 250 mil memorandos diplomáticos e oito mil directivas do Departamento de Estado dos EUA. Mais de 15 mil documentos estão classificados como "secretos". Também os jornais New York Times, Le Monde, El País e The Guardian tiveram acesso aos documentos antes da sua divulgação. A revista alemã, citada pelo site Owni.fr (antigo parceiro da Wikileaks), criou um mapa com a distribuição geográfica das revelações. De acordo com este mapa, a maioria dos documentos está relacionada com Médio Oriente e Ásia, representando a Europa apenas 5% das revelações. O território português também parece estar abrangido. Os documentos ameaçam tornar-se fonte de tensões nas relações diplomáticas entre os EUA e os seus aliados. Prometidas para breve pelo site Wikileaks, as futuras revelações foram classificadas pelo chefe de estado-maior Interarmas americano, Michael Mullen, como "extremamente perigosas". Entretanto, a diplomacia americana tem multiplicado os contactos com vários países numa tentativa de diminuir o impacto das revelações. Rússia, Turquia, Israel, Reino Unido, Itália, Finlândia ou Noruega são apenas alguns dos países que já foram contactados. Inclusivamente, o Governo britânico dirigiu um email às redacções dos media do país, pedindo para ser previamente informado sobre os conteúdos da Wikileaks que vão publicar, indicou o site Owni.

A administração Obama advertiu o site WikiLeaks que o lançamento iminente de documentos classificados do Departamento de Estado norte-americano vai colocar inúmeras vidas em risco, ameaçar operações de contra-terrorismo e prejudicar as relações dos Estados Unidos com os seus aliados. Numa posição pública invulgar, refletindo sérias preocupações do Governo sobre as ramificações do movimento, o Departamento de Estado publicou no sábado uma carta do seu advogado ao fundador WikiLeaks, Julian Assange, dizendo que a publicação dos documentos seria ilegal e exigindo que suspenda a medida. Na carta, o assessor jurídico do Departamento de Estado Harold Koh, disse que a publicação de cerca de 250 mil telegramas secretos pela WikiLeaks vai colocar em risco a vida de inúmeras pessoas inocentes, operações militares em curso e a cooperação entre os países.