O Hospital de Cascais há muitos anos que reclamava novas instalações. Os serviços funcionavam mal, as macas com doentes acumulavam-se por todos os lados. O público acusava frequentemente a direcção de "máfia organizada do sector privado" no concelho como a principal causa desse mau funcionamento, atribuído ao pessoal médico e não às instalações. Construiu-se o novo Hospital de Cascais, moderno e espaçoso. A Ministra da Saúde, Ana Jorge, aponta a estranha contradição dos responsáveis da unidade quando dizem que faltam camas e, ao mesmo tempo, querem receber mais doentes. Segundo a administração são cerca de 50 camas que faltam ao novo Hospital de Cascais para responderà procura "excessiva e imprevista" que regista desde que a unidade abriu, em Fevereiro deste ano. A administração, presidida por José Miguel Boquinhas, diz que a "solução ideal" é a construção de mais um piso, como previsto no contrato de parceria assinado, em 2008, entre a HPP Cascais e o Estado. A hipótese, porém, "ainda não está em cima da mesa", já que "demora o seu tempo", explica.
Actualmente, o hospital tem 285 camas, mais 47 do que o antigo, que funcionou no centro da vila até Fevereiro. Porém, essas 47 camas foram colocadas em quatro novas unidades que não existiam no anterior: Cuidados Intensivos, Cuidados Intermédios Polivalentes, Cuidados Intermédios Médico-cirúrgicos e Cuidados Neonatais. "Temos menos capacidade de internamento do que tínhamos antes", conclui o director clínico, João Varandas Fernandes. A sobrelotação regista-se na Medicina Interna, que perdeu 24 camas em relação ao antigo hospital. Estas 24 camas foram repartidas pela Pediatria e Ginecologia, porque o serviço materno-infantil passou a abranger oito freguesias de Sintra, além do concelho de Cascais. No total, cobre perto de 300 mil habitantes. Quanto à capacidade do hospital, José Varandas Fernandes é peremptório: "Se o hospital de Sintra [que o Governo disse, em Fevereiro, ainda estar na agenda] for construído, estamos bem. Se não, este deveria ser ligeiramente maior." Isto tendo em conta que a procura, já "excessiva", tende a aumentar, garante.