O padrão de comportamento já era ontem visível com o disparo no risco de incumprimento da dívida soberana dos seis países da zona euro sob observação dos mercados financeiros: Grécia, Portugal, Irlanda, Itália, Espanha e Bélgica. Ontem, no mercado secundário da dívida soberana, a situação de degradação do crédito revelou-se, segundo dados da Bloomberg. Até as obrigações do Tesouro (OT) português e dos títulos irlandeses inverteram a tendência, e regressaram em todas as maturidades à alta das yields (juros implícitos). Particularmente, os juros das OT e dos títulos irlandeses a 2 anos estão com uma dinâmica de crescimento significativa. Mesmo assim há um fosso entre o nível dos juros para as OT a 2 anos, que estão em 12,41%, e dos juros dos títulos irlandeses, que estão em 8,17%., segundo dados da Bloomberg. O efeito da intervenção do Banco Central Europeu nos mercados secundários parece estar a perder pé. Também, na Bélgica, os juros dos títulos a 10 anos subiram para 4,06%. Mas a situação mais grave é, naturalmente, a da Grécia. Os juros dos títulos gregos a 2 anos acabam de atingir, a meio da manhã, o valor recorde de 46,80%. A meio da tarde, os juros subiram para mais de 47,19%. O valor de fecho foi de 47,20%. O país foi sobressaltado com duas péssimas notícias: as políticas de austeridade poderão conduzir a uma recessão este ano superior à prevista - 5% de quebra do produto interno bruto (PIB) grego, em vez de 4,5% - e "a dívida grega está fora de controlo", segundo um recém-criado organismo parlamentar de monitorização do orçamento, formado por analistas independentes. A divida pública já terá atingido os €350 mil milhões (150% do PIB) e o défice orçamental chegou ao montante de €15,5 mil milhões no final do 1º semestre (93% do objectivo para todo o ano de 2011). A recessão deste ano soma-se a uma quebra acumulada de 6,5% em 2009 e 2010.