GERHARD SCHRÖDER CONSIDERA CRISE OPORTUNIDADE PARA ASSUMIR UNIÃO POLÍTICA

tal como Hitler queria consenso político, a Alemanha quer unir a UE politicamente

Cada vez é mais clara a estratégia da Alemanha "por detrás da máscara". A crise está a deixar a Alemanha mais forte politica e economicamente, tal como aconteceu no passado, antes da ascensão de Hitler a führer. Gerhard Schröder, ex-chanceler alemão, diz que a Europa “precisa de acordar” para a necessidade de avançar para uma união política, sem a qual o euro não sobreviverá. Para o antecessor de Angela Merkel, que dirigiu a Alemanha entre 1998 e 2005, a crise que se vive hoje não se deve ao euro em si, o que se demonstra pelo valor externo da moeda, que vale hoje 1,40 dólares, quando já esteve em 82 cêntimos. “O que falta é um conceito político por detrás do euro”, diz o antigo líder social-democrata (SPD), velho rival da CDU de Helmut Köhl e de Merkel. Em entrevista à revista alemã “Der Spiegel”, Schröder diz, aliás, que o maior erro (que atribui a Helmut Kohl) foi assumir que uma moeda comum iria inevitavelmente conduzir a uma união política, e que é precisamente a ausência de uma política comum económica, fiscal e mesmo social que explica as dificuldades que a Zona Euro hoje atravessa.

Sobre a actuação do actual Governo alemão, Schröder diz que foi um “erro enorme” Angela Merkel ter dado ouvidos “à rua”, enviando a mensagem de que o problema do euro se devia a Governos gregos despesistas e que seria possível seguir com a união monetária sem mexer na sua arquitectura política. O antigo chanceler considera, porém, que a Alemanha e a França já se aperceberam que é preciso ir mais longe e caminhar para um governo económico e para um controlo “político” ao nível europeu do que é feito em cada uma das capitais. Percorrer esse caminho, que vai exigir “mais transferência de soberania”, é o pré-requisito para o lançamento de obrigações europeias, que impedirão os especuladores de jogarem contra o euro, acrescenta. Nesse caminho para uma união mais política, mas também democrática, Schröder vê como essencial que as tradicionais funções de controlo exercidas pelos parlamentos nacionais, designadamente na vertente orçamental, sejam assumidas por um comité especial do Parlamento Europeu, restrito a eurodeputados eleitos pelos países membros do euro. A crise actual, diz, oferece uma oportunidade única de avançar para "os Estados Unidos da Europa".