OLLI REHN ADMITE QUE A EUROPA TEM 10 DIAS CRÍTICOS PELA FRENTE

Rehn considera os próximos 10 dias, uma contagem decrescente para a decisão final sobre o Euro

Olli Rehn admitiu esta manhã que a Europa entrou na fase decisiva dos seus esforços para estabilizar o euro e garantir que este continuará a ser a moeda partilhada por 17 países. “Estamos a entrar no período crítico de dez dias para completar e concluir a resposta da União Europeia à crise”. O comissário responsável pelos Assuntos Económicos falava em Bruxelas, à entrada do encontro dos ministros das Finanças dos 27 países da União Europeia. Na véspera, na reunião restrita aos responsáveis dos países do euro (Eurogrupo), os ministros admitiram que o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) não conseguirá, por si só, alavancar a sua capacidade de actuação para um bilião de euros – valor considerado como o mínimo necessário para garantir e sossegar os investidores de que a Europa terá meios para acudir mais países, eventualmente uma Itália que ontem pagou uma taxa de juro insustentável de 7,5% para se financiar nos mercados. É a primeira vez que o Eurogrupo admite que as decisões saídas da cimeira de 26 de Outubro já não bastam, agora que o fogo dos mercados chegou em força a Itália, a terceira maior economia do euro.

O FEEF, que dispõe de 440 mil milhões de euros, sendo que metade já está comprometido com os programas de ajuda a Portugal, Irlanda e Grécia, poderá oferecer "seguros" contra o risco de obrigações soberanas do euro, o que lhe permitirá alavancar a sua capacidade de actuação em cerca de 250 mil milhões de euros. Mas para ir mais longe, precisa da ajuda do FMI que, por seu turno, está também sob enorme pressão, já que boa parte dos seus recursos estão afectados a países europeus, sendo improvável que grandes accionistas, como os Estados Unidos, queiram passar novos cheques na ausência de planos claros e credíveis sobre como a Zona Euro tenciona garantir a sua própria sobrevivência.. As atenções viram-se agora para expedientes que permitam ao Banco Central Europeu ajudar os Estados em apuros - através do FEEF ou do próprio FMI - sem que essa intervenção possa ser interpretada (em particular, pelo Tribunal Constitucional alemão), como uma violação do seu mandato. A independência do BCE é uma das "linhas vermelhas" que Berlim não passará, mas a urgência da situação poderá forçar o Governo alemão a ceder a alguma criatividade jurídica. Aparentemente alheia ao exército crescente de políticos e economistas que pensa que verdadeiramente urgente é garantir liquidez a preços razoáveis aos Estados do euro, a Alemanha continua a bater na tecla de que mais disciplina e capacidade para a impor são a solução para a crise do euro. É nesse sentido que está a ultimar proposta conjuntas com a França para rever os Tratados e criar uma “União de Estabilidade” em que, a promessa de mais solidariedade, será antecedida por regras muito mais duras de disciplina orçamental e pela transferência de novos parcelas de soberania, de modo a que instâncias europeias possam ter uma palavra decisiva na concepção dos Orçamentos nacionais.