o PS critica o PSD pela frente, mas nos bastidores aprovam a Troika violenta contra a classe média
Pedro Passos Coelho e António José Seguro reuniram-se esta a semana, a sós, por duas vezes. Os encontros tiveram lugar na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento. Esta aproximação, discreta, entre o chefe do Governo e o líder da oposição, está directamente relacionada com o Orçamento do Estado (OE) para 2012 e a tentativa de estabelecer pontes que permitam ao PS ter uma posição construtiva que "viabilize" o documento.
Mas o secretário-geral do PS não levou nenhuma garantia do Governo para a reunião da Comissão Política de ontem à noite.
Tanto o primeiro-ministro como o secretário-geral do PS consideram importante que o OE para 2012 seja viabilizado também pelos socialistas. Ontem, na reunião da Comissão Política, o líder do PS defendeu a abstenção dos socialistas na generalidade. Mas exigindo agora a negociação das propostas do PS com o Governo.
Aos líderes do PSD e do PS junta-se o Presidente da República, bem como os restantes membros do Conselho de Estado, que vieram apelar a «todas as forças políticas e sociais» para que mantenham «um espírito de diálogo construtivo» que permita «assegurar os entendimentos» necessários.
A viabilização do OE para 2012 não apenas pela maioria governamental mas também pelo partido que assinou o acordo com a troika, o PS, é considerada determinante para a credibilidade externa de Portugal. Mas a abstenção do PS é, ao mesmo tempo, fundamental para a própria afirmação interna do líder socialista. Sobretudo depois das pressões de elementos da ala socrática para que Seguro chumbe o OE, e de várias figuras socialistas terem defendido publicamente o voto contra. Foi o caso do coordenador do PS na Comissão de Orçamento e Finanças, João Galamba.